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Destaques da edição de Agosto de 2019
Fernando Pacheco
Membro do OPSA
Nas minhas últimas crónicas tenho procurado abordar o desenvolvimento local ligado ao momento que se vive em Angola com vista à descentralização e à institucionalização das autarquias. Tenho tentado defender a ideia de que se deve aproveitar esta oportunidade para se arrumar o país a partir de um novo recomeço, baseado numa maior participação dos cidadãos na construção de um processo de desenvolvimento mais endógeno, enraizado nas realidades locais com toda a riqueza da sua diversidade e que possa constituir um caminho para uma Angola renovada e reconciliada.
No final do mês de Outubro passado tive o grato prazer de participar na edição de 2018 do Encontro das Comunidades que a ADRA – organização a que continuo ligado como membro que faz trabalho cívico de carácter voluntário, tal como acontece com muitos outros companheiros e companheiras de percurso, com idades muito diferenciadas – promove anualmente com representantes eleitos das comunidades e municípios das seis províncias onde intervém. A importância deste tipo de trabalho que já vem de quase trinta anos pode ser resumida numa frase de um participante: o que a ADRA faz é mostrar-nos que há caminho e isso não tem preço, a responsabilidade de caminhar é nossa.
Excepcionalmente o Encontro deste ano ocorreu em Luanda. Um pequeno grupo de representantes das comunidades presentes foi recebido pela Secretária de Estado da Administração do Território e outro na Provedoria de Justiça. Aproveitaram a oportunidade para expor as suas preocupações – como a obtenção do Bilhete de Identidade e a delimitação das terras comunitárias, por exemplo – e ouviram comentários como “a impunidade está a acabar”, o que levou um dos relatores desses encontros a afirmar em umbundu – apesar de ser fluente em português, o que revela uma importante preocupação com aspectos identitários, algo que é fundamental em processos de desenvolvimento deste tipo – que “este país está mesmo a mudar”.
É do caminho que está ser percorrido pela Cooperativa Unidos Venceremos, na comuna da Chicuma, município da Ganda, província de Benguela e das mudanças que aí estão a acontecer, que pretendo falar. A informação foi prestada pelo Presidente da Cooperativa, Rafael Tiago.
[ Texto Publicado na edicção Nº135 da revista África21]
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