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Destaques da edição de Agosto de 2019
O médico congolês e Nobel da Paz em 2018, Denis Mukwege, denunciou na terça-feira, 28 de maio, a falta de resposta da justiça internacional às vítimas de violência sexual em conflitos, lamentando a inexistência de condenações por estes crimes.
“É muito importante que exista hoje o reconhecimento da violação como crime internacional, através do Estatuto de Roma, que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional. Foi um avanço notável, mas lamentamos que este tribunal, instaurado desde 2002, não tenha conseguido uma única condenação para os responsáveis das violações e de crimes de carácter sexual, que são usados em todos os conflitos como arma”, disse Denis Mukwege.
O ginecologista e obstetra, que se destacou pelo tratamento e apoio às mulheres e raparigas vítimas de violação na República Democrática do Congo (RDCongo), falava durante uma sessão das Conferências do Estoril, distrito de Lisboa, dedicada à violação e crimes sexuais como armas de guerra.
Para o médico, que fundou, em 1999, o Panzi General Hospital, em Bukavu, na RDCongo, fazer justiça aos milhões de mulheres e raparigas vítimas de crimes sexuais em conflitos em todo o mundo “é a única forma de restaurar a sua dignidade".
O Nobel da Paz alertou ainda para os seus efeitos de destruição do tecido social das famílias e da comunidade e para o aumento das doenças sexualmente transmissíveis e a diminuição da natalidade devido às lesões provocadas pelos crimes sexuais no aparelho reprodutor das mulheres.
Denis Mukwege, 63 anos, é um médico ginecologista congolês que tem desenvolvido uma acção humanitária na República Democrática do Congo, onde trata mulheres vítimas de violação.
Durante os 12 anos de guerra, tratou mais de 21.000 mulheres, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer mais de 10 cirurgias por dia.
Mukwege também já foi galardoado com os prémios Olof Palme (2008), Sakharov (2014) e veio a Portugal receber o Prémio Calouste Gulbenkian em 2015. Durante as Conferências do Estoril será doutorado ‘Honoris Causa’ pela Universidade Nova de Lisboa.
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