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Destaques da edição de Agosto de 2019
As tecnologias da big data, logísticas de informação e análise de dados, permitem explorar os dados que pacificamente cedemos plataformas obscuras que nos espreitam como caçadores emboscados, para progressivamente, através de algoritmos- padrão, substituírem as nossas decisões e escolhas pessoais em termos políticos ou comerciais. A partir daí, você com a sua suposta liberdade individual, está ser vendido como um escravo num continente distante.
Por Manfredo Ben
A OMNIPRESENÇA DE COOKIES, que com frequência não temos outra alternativa que aceitar (que surgem com “as melhores das intenções”) são o engenhoso anzol que mordemos, e que permitem uma gigantesca colheita de dados para plataformas de contornos obscuros. Um estudo realizado em 2015,pela Data Science and Economics dos Estados Unidos, constatou que uma visita a 100 websites, resultava na criação de 6000 cookies, a maior parte ligados à Google, sendo que 83% não vinham da página visitada, o que quer dizer que permitem a terceiros saber que estivemos a visitar aquela página.
O Whatsapp, por exemplo, vai mais longe: exige que o utilizador que pretende recusar a utilização dos seus dados, autorize o envio de uma carta pelo correio em que é lhe explicado detalhadamente as vantagens da resposta afirmativa, e que a resposta negativa o prejudica mais que o defende, mergulhando internauta na dúvida com a insidiosa chantagem.
Estas fabulosas bases de dados reunidas em plataformas ubíquas, são objecto de compras e vendas fabulosas, que fazem parte das novas legendas de Silicon Valley. Em 2006, quando a Google comprou a YouTube pela incrível soma de 1,65 mil milhões de dólares, considerada uma soma excessiva para uma plataforma de vídeos incautos leitores de jornais, pouca gente viu que o valor não estava na plataforma, mas sim o seu conteúdo e dados de informação de milhões de usuários.
A Google, além do dos produtos associados que fazem parte do seu património (Chrome, Gmail, Photos e Maps) também possui o Recaptch, que nos obriga a provar que não somos robots. Aqueles que evitam o FaceBook para utilizarem o Whatsapp e o Instangram, talvez não sonhem que a confidencialidade não é garantida, pois todas essas empresas pertencem ao mesmo grupo.
A Microsoft, para além do Skype, detém o Linkedin e o Hotmail. Todas estas empresas são objecto de uma constante pressão de broker dealers, compras e vendas reforçando a posição dos mais fortes sempre à procura de novas soluções de Inteligência Artificial, e claro bancos de dados, cada vez mais complexos com a utilização de algoritmos cada vez mais rebuscados.
Existem hoje algoritmos e aplicativos de reconhecimento de voz (tais como a Siri ou Alexa), outros que identificam quem é quem numa foto, outros que prevêem o que vamos comprar na semana seguinte.
(Leia o artigo na integra na edicção nº139 da Revista África21, mês de Maio)
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