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Destaques da edição de Agosto de 2019
"A imagem negativa vai passar, mas depende do país continuar no caminho que foi começado há dois anos, o progresso é significativo e é claro que há uma vontade do país em reintegrar-se no sistema financeiro internacional”, disse este domingo Pietro Toigo, representante do BAD em Moçambique.
Em declarações à imprensa, à margem dos Encontros Anuais do BAD, em Malabo, o italiano acrescentou que "a confiança é uma moeda preciosa e talvez o país precise de um pouco mais de tempo para voltar desse episódio, mas o trabalho nos últimos dois anos já está a ter resultados".
Pietro Toigo exemplificou com os mais de mil milhões de dólares recolhidos durante a Conferência de Doadores, na Beira, e com o empréstimo do Fundo Monetário Internacional no seguimento dos ciclones que assolaram o país nos últimos meses.
"As reformas económicas têm de continuar a ser feitas", disse, apontando para os bons exemplos da redução dos subsídios, da reforma orçamental, que tornou o exercício orçamental "mais eficaz", e com as mudanças feitas nas empresas públicas, nas instituições e no novo quadro de contracção de dívida pública.
"É preciso seguir nesse caminho de eficiência fiscal e reformas estruturais, e seria importante olhar para o ambiente de negócios", apontou o representante do BAD, exemplificando com as "diferenças significativas" entre os custos de utilização de portos diferentes no país, que deviam ser harmonizados e alinhados pela eficiência.
"O ambiente de negócios afecta especialmente as pequenas e médias empresas", lembrou, notando que os megaprojectos ligados ao gás não estão tão dependentes do ambiente de negócios do país devido à grande escala dos financiamentos e dos próprios projectos.
Pietro Toigo defendeu que Moçambique é um dos países do sul de África que mais tem a ganhar com a integração regional, o tema principal da conferência do BAD, e considerou que o país tem "uma voz dinâmica e forte" na Comunidade de Países da África Austral (SADC).
Entretanto, adiantou que o BAD está a preparar um seguro contra as catástrofes naturais para ajudar Moçambique a lidar com fenómenos como as cheias e os ciclones, desembolsando ajuda mais depressa e contabilizando melhor os danos.
"Estamos a preparar, juntamente com outros parceiros com o Banco Mundial, uma infraestrutura financeira para melhor gestão dos desastres naturais e estudar a possibilidade de um seguro climático que pode ser ligado ao fundo de gestão de calamidades e ver que tipo de sistema podemos usar para a identificação das vítimas na altura do reembolso pelos danos", disse.
O representante do BAD em Moçambique explicou que a ideia é utilizar a Capacidade de Risco Africana (African Risk Capacity - CRA), uma agência pública que funciona no âmbito da União Africana e que serve como seguradora para mais de 30 Estados africanos.
Segundo o responsável, "a ideia é que quanto mais países aderirem, mais barato se torna; já existe um seguro bastante avançado contra as secas", estando agora a ser desenvolvido um seguro para cheias e ciclones.
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